segunda-feira, maio 12, 2008

Reciclagem de lixo orgânico

Local de recebimento da Familia Casca

Uso consciente dos recursos naturais é uma preocupação crescente em todos os níveis da sociedade contemporânea, cuidados com a separação do lixo, reutilização de matérias e otimização de alimentos. Existem várias formas de utilizar o alimento como um todo, receitas com casca de frutas e legumes, uso de todas as partes na produção do prato desde raízes, folhas, talos e flores. Nem sempre é possível realizar isso no dia a dia, uma outra alternativa é a compostagem.

Esse processo de uso da matéria orgânica restante da alimentação para transformação em composto orgânico, o adubo é uma saída para diminuir os dejetos orgânicos depositados nos aterros. Isso agora é feito em dois locais de Florianópolis, dentro da Universidade Federal de Santa Catarina e no Parque Ecológico do Córrego Grande. Nos dois locais funciona uma central de reciclagem para transformação rejeitos em adubo orgânico natural. No parque é conhecido com Projeto Família Casca e no campus da UFSC como Compostagem de resíduos urbanos realizado pelo Grupo de uso e manejo de solo do Centro de Ciências Agrárias (CCA).

Em ambos o método utilizado é o mesmo, criam-se as leiras (corredores onde é depositado o lixo), com camadas de palha e serragem. O tamanho de cada leira depende do local e da quantidade de dejetos a serem depositados. O material recolhido é colocado em cima desses corredores e recoberto com serragem e folhas secas. Nesse processo os microorganismos aeróbicos (que necessitam de oxigênio para sobreviver) fazem à digestão do material orgânico, que é mexido freqüente mente pelos alunos. Para a leira continuar agindo são colocado depois de alguns meses outros animais, como minhocas e centopéias, que terminam a digestão do composto. Em uma compostagem caseira de pequeno porte, o adubo fica pronto em dois meses. Em grandes, o processo dura uma media de oito meses.

O composto pronto possui micronutrientes que melhoram a “saúde” do solo, reduzindo a incidência de doenças nas plantas. Quanto mais diversificados os materiais os quais o composto é feito, maior será a variedade de nutrientes no adubo. Uma grande diversidade de substâncias orgânicas garante uma grande variedade de nutrientes.

“É o milagre transformar o mal no bem”, descrição de Alexandre, aluno de agronomia e participante da compostagem da UFSC, declaração mais que correta, pois a compostagem termofílica além de reduzir o lixo depositado em aterro, diminui o impacto na contaminação da água, do solo e produz adubo natural e ecológico. Por esse processo é possível até mesmo esquentar água, como acontece no Pátio de Compostagem da UFSC. Uma caixa de água e colocada dentro de uma das leiras e produz calor suficiente para aquecer os 200 litros de água. Proporcionando o banho quente no fim do expediente.

O projeto é realizado na UFSC desde 1994, e é coordenado pelo Agrônomo Paul Richard Monsem Miller, integrado com 14 alunos bolsistas de Agronômia e Engenharia Sanitária Ambiental. Diariamente são recolhidas quatro toneladas em média, excedentes de restaurantes e cozinhas da própria universidade, do Hospital Universitário e parceria com o supermercado Hippo. O material coletado diariamente representa 40 % do total de resíduos gerados na universidade. O adubo resultante é utilizado nos jardins da universidade e vendido em sacos de até 50 quilos por dez reais para a comunidade. Por mês o Pátio de Compostagem da UFSC chega a reciclar 50 toneladas de resíduos.

Já no Parque Ecológico do Córrego Grande a iniciativa da criação da Família Casca partiu de alunos, sendo que o projeto é ministrado e coordenado Kiriá Cardoso e Júlio Maestri, composto por seis alunos bolsistas de Agronômia e Biologia. O projeto completa dois anos em primeiro de junho. A diferença está principalmente na coleta realizada dentro do próprio parque no estante logo na entrada, os moradores e visitante depositam os resíduos em tambores colocados no local. A iniciativa também tem parceria com os condomínios nas proximidades do parque. No local é possível entregar o resto de óleo de cozinha para reciclagem, que é usado, após uma filtragem, como combustível para barcos e uma caminhonete. O composto resultante da compostagem é utilizado metade pelo próprio parque e a outra metade é doada as pessoas que trouxeram resíduos orgânicos para a Família Casca.

Os dois projetos realizam palestra e oficinas para construção de um compostagem caseira e horta escolar. Para mais informações basta se dirigir ao Parque Ecológico do Córrego Grande ou ao Pátio de Compostagem da UFSC.

Um comentário:

Unknown disse...

Olá Betina,
Estou justamente procurando uma solução para o lixo orgânico produzido em casa. Acabo de me mudar para um apartamento próximo à UFSC e estou juntando cascas e sementes em um balde misturado com terra, mas agora me vejo no problema de ter que transportar isso para algum lugar porque o balde já está enchendo e não tenho mais espaço. Estive no parque do córrego e soube que o projeto da família casca está suspenso. Você tem alguma sugestão? Obrigada!! Eleonora.